sexta-feira, 28 de outubro de 2011

pedras

Na minha insonia reconstituo os pedaços que me faltavam. Penso em Como nada disto faz sentido e Como nao anseio nem Tenho medo do futuro. Se ha uns tempos nao seria assim, agora é, talvez porque os meus pedaços Sao mais solidos do que alguma vez imaginei. E partilho a opiniao alheia de que Provavelmente existem fragmentos ainda mais rigidos para juntar a esta construcao. E Se permito que disparem contra esses pedacos, é porque os Tenho bem unidos e juntos fazem uma força Muito poderosa, e Nao -Como Se possa pensar- por nao os conseguir defender. Por mais liberta que me possa sentir, cada vez pertenco mais a alguem, cada vez me vinculo mais a um Sitio e cada vez vivo mais intensamente essa posse sadia e natural. Provavelmente vivi a vida inteira à espera de um momento assim. E nao ha tristeza, nao ha arrependimento, Nao ha constrangimento, nao ha vergonha, nao ha medo. Ha isto.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Cumpre-me agora dizer que espécie de homem sou. - T

Cumpre-me agora dizer que espécie de homem sou.

Não importa o meu nome, nem quaisquer outros pormenores externos que me digam respeito. É acerca do meu carácter que se impõe dizer algo.

Toda a constituição do meu espírito é de hesitação e dúvida. Para mim, nada é nem pode ser positivo; todas as coisas oscilam em torno de mim, e eu com elas, incerto para mim próprio. Tudo para mim é incoerência e mutação. Tudo é mistério, e tudo é prenhe de significado. Todas as coisas são «desconhecidas», símbolos do Desconhecido. O resultado é horror, mistério, um medo por demais inteligente.

Pelas minhas tendências naturais, pelas circunstâncias que rodearam o alvor da minha vida, pela influência dos estudos feitos sob o seu impulso (estas mesmas tendências) — por tudo isto o meu carácter é do género interior, autocêntrico, mudo, não auto-suficiente mas perdido em si próprio. Toda a minha vida tem sido de passividade e sonho. Todo o meu carácter consiste no ódio, no horror da e na incapacidade que impregna tudo aquilo que sou, física e mentalmente, para actos decisivos, para pensamentos definidos. Jamais tive uma decisão nascida do auto-domínio, jamais traí externamente uma vontade consciente. Os meus escritos, todos eles ficaram por acabar; sempre se interpunham novos pensamentos, extraordinárias, inexpulsáveis associações de ideias cujo termo era o infinito. Não posso evitar o ódio que os meus pensamentos têm a acabar seja o que for; uma coisa simples suscita dez mil pensamentos, e destes dez mil pensamentos brotam dez mil inter-associacões, e não tenho força de vontade para os eliminar ou deter, nem para os reunir num só pensamento central em que se percam os pormenores sem importância mas a eles associados. Perpassam dentro de mim; não são pensamentos meus, mas sim pensamentos que passam através de mim. Não pondero, sonho; não estou inspirado, deliro. Sei pintar mas nunca pintei, sei compor música, mas nunca compus. Estranhas concepções em três artes, belos voos de imaginação acariciam-me o cérebro; mas deixo-os ali dormitar até que morrem, pois falta-me poder para lhes dar corpo, para os converter em coisas do mundo externo.

O meu carácter é tal que detesto o começo e o fim das coisas, pois são pontos definidos. Aflige-me a ideia de se encontrar uma solução para os mais altos, mais nobres, problemas da ciência, da filosofia; a ideia que algo possa ser determinado por Deus ou pelo mundo enche-me de horror. Que as coisas mais momentosas se concretizem, que um dia os homens venham todos a ser felizes, que se encontre uma solução para os males da sociedade, mesmo na sua concepção — enfurece-me. E, contudo, não sou mau nem cruel; sou louco, e isso duma forma difícil de conceber.

Embora tenha sido leitor voraz e ardente, não me lembro de qualquer livro que haja lido, em tal grau eram as minhas leituras estados do meu próprio espírito, sonhos meus — mais, provocações de sonhos. A minha própria recordação de acontecimentos, de coisas externas, é vaga, mais do que incoerente. Estremeço ao pensar quão pouco resta no meu espírito do que foi a minha vida passada. Eu, um homem convicto de que hoje é um sonho, sou menos do que uma coisa de hoje.


Fernando Pessoa, o Grande

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

algures na minha memória

brincando

às partidas e às chegadas.
Acho que nunca senti verdadeiramente uma partida. Penso (e desejo) sempre secretamente que aquela pessoa que está a ir, não vai para ficar, mas vai sempre para voltar. Quando, na realidade , este pensamento é ridículo porque na maior parte das vezes não há motivo para o fazer.
E o destino é quase sempre o mesmo: o contacto vai-se dissipando até se tornar quase nulo. E não é por nada. Apenas porque sim e porque a vida é traiçoeira. Talvez porque chega outra pessoa e partem mais duas. Mais duas que continuam a significar alguma coisa, que nos fazem reviver momentos com um sorriso nos lábios. E, como numa espécie de dança sem sentido, deixamos "perder" pessoas -apenas porque sim- que um dia foram amigas, ou apenas colegas de gargalhadas ou pura e simplesmente conhecidos com quem gostamos de falar acerca da estupidez e do imbroglio mal organizado em que este país está ou esteve ou de certeza estará daqui a muitos muitos anos. Em apenas 26 anos já são algumas as pessoas que fui "perdendo", das quais algumas ainda tenho possibilidade de contactar (então e porque é que as vais "perdendo"? - Apenas porque sim, lá está...- ) , outras só com muitos pozinhos mágicos irei conseguir re-encontrar. A essas, deixo aqui uma homenagem.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

acabei de comer a fatia de viennetta que era para o Ad.



segunda-feira, 6 de setembro de 2010

hipocrisia

que vá pa puta que pariu (eu juro que concretizei um sonho. mas isto não vai ficar por aqui... esta é oficialmente a primeira asneira -de algumas, vá- deste blog), quem se considera o maior apenas por dar conselhos sábios a alguém que está num mau momento da vida. Antes que os ânimos se exaltem, passo a explicar. Quando alguém está na treta (ou m*, para quem não percebeu), há sempre alguém que decide ser a voz da sabedoria e fazer um discurso profundíssimo acerca daquilo que a pessoa em questão devia ter feito, não devia ter feito, deverá ou não fazer de futuro, devia ou não estar a sentir com, na maior parte da vezes, um GRANDE conhecimento de causa. Ora, tudo isto parece muito interessante se não pensarmos que a sabedoria não tira ninguém da merda. E viver a vida do outro é tarefa que todos nós fazemos de forma absolutamente exemplar. É perfeitamente compreensível, e nada dificil de perceber, que sentir que se dizem umas quantas frases-de-vida (que se calhar nem se acredita) que soam bastante bem, sabe como moranguinho maduro salpicado com chantili fofo. Mas estar presente para mais do que isso -para quando a pessoa está bem, por exemplo, e ficar feliz com isso -, ou para tentar que a pessoa fique pelo menos melhor, e não utilizar isso para se engrandecer, já é diferente...
Mas isto... isto é para pessoas verdadeiramente felizes, calma lá!

aqui não se aprende nada

Cheguei à conclusão que não tenho vida suficiente para ter um blog.

Ou pelo menos um blog deste género.

Ou um blog ponto.

Photobucket

Falar-vos (se é que ainda vem cá alguém) das andanças do meu projecto,(...), faria posts enormes com finais sempre muito pouco felizes (vá, de vez em quando a coisa ainda vai andando, mas é tão raro que deprimia sempre que abria o blog e percebia o quão devagar esta coisa se faz) - (isto de dizer/escrever tantas vezes a palavra coisa tem um significado altamente profundo, por favor não confundir com a falta de vocabulário).
Falar da minha vida social, iria também deprimir ao perceber que sempre que saiu de casa bebo uns copos a mais (isto de ser franganita tem destas coisas: bebem-se 2 imperiazitas e fica-se logo coise) - (sinto-me mesmo estúpida quando me desculpo).
Escrever sobre os meus amigos, iria ainda chorar mais ao perceber que todos estão nas ondas dos casamentos (ou coisas)/filhotes/casas e demais bens materiais, enquanto eu me fico pelo doutoramento/nada no bolso/muitos menos neurónios e uma entrada garantida para os AAs.

O meu enriquecimento cultural actual é tão escasso que um bebé de 3 meses me superava facilmente num concursozito tipo "sabe mais do que um bébé que nasceu e viveu os seus primeiros meses de vida numa ilha deserta?"
O resto que, by the way, até corre benzinho é demasiadamente privado para expôr num espaço público tão absolutamente frequentado como é este blog (gargalhadas ruidosas).

Assim, provavelmente o melhor é terminar com este blog. Right?

Ou será mudar de vida?


Photobucket

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Sentir é ter chão






e é leviano o pensamento que deturpar esta realidade

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

quinta-feira, 29 de julho de 2010

E sentir


Não consigo deixar de pensar/falar no calor


terça-feira, 27 de julho de 2010

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Gosto!



voz suave e toque jazzy. Lizzy Parks

quarta-feira, 21 de julho de 2010

um je ne sais quoi



que agrada, e muito!