quinta-feira, 31 de julho de 2008

feel free to*

Assim como lavamos o corpo deveríamos lavar o destino, mudar de vida como mudamos de roupa. (ela assentiu e suspirou) Depois dos dias todos de chuva, de novo o céu traz o azul, que escondera, aos grandes espaços do alto. (ela respondeu: "Depois dos dias todos de chuva, a atmosfera continua gélida e impenetrável"). O calor do busto dedilha o coração e ponteia com ilusões os pensamentos ("Nunca me desiludi", disse ele). Fica (ela assentiu). A precipitação gotejante penetra descaradamente o Sim, iludido. (ele pediu: Fica)

em itálico: de Fernando Pessoa in o Livro do Desassossego

quarta-feira, 30 de julho de 2008

terça-feira, 22 de julho de 2008

the Youth



This is a call of arms to live and love and sleep together.
We could flood the streets with love or light or heat,
Whatever.
Lock the parents out, cut a rug, twist and shout,
Wave your hands,
Make it rain,
For stars will rise again.

The youth is starting to change.
Are you starting to change?
Are you?
Together.

In a couple of years,
Tides have turned from booze to tears.
And in spite of the weather,
We could learn to make it together.

The youth is starting to change.
Are you starting to change?
Are you?
Together.

The Management

Et Voilà!

"Meu caro Kafka, a maioria das pessoas chega a um ponto na vida em que já não se pode voltar atrás. E, em raríssimos casos, a um ponto em que já não é possível avançar. E quando se chega a esse ponto, não temos outro remédio senão aceitar calmamente o facto consumado. Só assim é que se sobrevive."
Haruki Murakami, in Kafka À Beira-Mar

Frida Kahlo


"I used to think I must be the strangest person in the world but then I thought, there are so many people in the world, there must be someone just like me who feels bizarre and flawed in the same ways I do. I would imagine her, and imagine that she must be out there thinking of me too. well, I hope that if you are out there you read this and know that yes, it´s true I´m here, and I´m just as strange as you."
Kahlo

domingo, 20 de julho de 2008

Maria Callas - a exposição

Americana de nascença (2 Dezembro 1923, Nova Iorque), ascendente de pais gregos e italiana de casamento, Maria Callas foi considerada a maior soprano de todos os tempos. Esta intérprete lírica impressionou com La Traviatta e Tosca, e simultaneamente chocou com diversos escândalos amorosos, divórcio e cancelamentos repetidos de espectáculos. Dizia-se de personalidade caprichosa e exigente, mas quem a conheceu na única vez que Callas visitou Portugal, para encantar no TNSC (Teatro Nacional São Carlos), afirmou que de intransigente Callas tinha muito pouco. Membros do coro do TNSC caracterizaram-na como "amável, simpática, prestável e de um profissionalismo invejável".
Nas suas récitas Callas encarnava cada personagem com um dramatismo fora do comum, despertando reações intensas entre seus admiradores. Dramatismo esse que era conseguido não só através dos seus invejáveis dotes vocais, como por toda a sua caracterização: guarda-roupa elegantíssimo, maquilhagem teatral e jóias cintilantes. Tudo era pensado e bem-pensado! Christian Dior e Yves-Saint Laurent eram os seus estilistas de eleição.
De forma a comemorar o cinquentenário da passagem de Maria Callas por Lisboa, o Museu da Electricidade exibe, até ao dia 21 de Setembro, uma das maiores colecções de vestidos, jóias e objectos pessoais de cena da cantora, assim como partituras para piano e canto de excertos de La Traviatta e alguns documentários/jornais.
Aconselho vivamente!
"Uma mulher habitada pelo fogo." Jean Cocteau

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Le Cid

Résumé
Don Diègue et le comte de Gormas ont décidé d’unir leurs enfants Rodrigue et Chimène qui s’aiment. Mais le comte, jaloux de se voir préférer le vieux don Diègue pour le poste de précepteur du prince, donne un soufflet à son rival. Don Diègue, affaibli par l’âge et trop vieux pour se venger par lui même, remet sa vengeance entre les mains de son fils Rodrigue qui, déchiré entre son amour et son devoir, finit par écouter la voix du sang et tue en duel le père de Chimène. Chimène essaie de renier son amour et le cache au roi, à qui elle demande la tête de Rodrigue. Mais l’attaque du royaume par les Maures donne à Rodrigue l’occasion de prouver sa valeur et d’obtenir le pardon du roi. Plus que jamais amoureuse de Rodrigue devenu un héros national, Chimène reste sur sa position et obtient du roi un duel entre don Sanche qui l'aime aussi et Rodrigue. Elle promet d’épouser le vainqueur. Rodrigue victorieux reçoit du roi la main de Chimène : le mariage sera célébré dans un délai d’un an.
(retirado de wikipedia: http://wikipedia.org/)

Quase a encerrar o 25º Festival de Teatro de Almada, Le Cid passou pelo Teatro Dona Maria II nos passados dias 16 e 17 Julho.

Escrita por Pierre Corneille em 1636 e encenada por Alain Olivier, Le Cid ontem fez jus à sua fama de "estar “condenada” a tornar-se numa das peças mais importantes da história do teatro", aquando da sua estreia.

Com uma valorosa componente lírica e estética deslumbrante, esta peça de Corneille possui uma evolução de dramatismo cénico e variação trágico/cómico d´uma enorme inteligência!
Ao sair do espectaculo percebi que nem todos os espectadores tiveram opiniões positivas (ou pelo menos com esta intensidade). As maiores críticas relacionaram-se com a imperceptibilidade da peça e o facto de não ter intervalo. A peça é bastante fiel ao texto original, portanto estamos a referirmo-nos ao francês do séc. XVII. E mais: a tradução utilizada foi realizada no inicío do sec. XIX (por Manoel de Figueiredo). Compreendo as possíveis dificuldades.
Já no respeita ao intervalo, não posso concordar de todo! Facilmente comparo Le Cid e o seu dramatismo cénito, com uma peça de piano e respectivos trechos pianíssimos, crescendos e fortíssimos que, quando dissociados, só fazem sentido pelas notas e ritmo e não TAMBÉM pela sua intensidade. Se Olivier tivesse separado esta peça em 2 metades, parte do seu drama dissipar-se-ia. Os actores eram fabulosos e invejo-lhes a capacidade de memória. John Arnold (Rodrigue) ou Irina Solano (Chimène) chegaram a indagar os seus infortúnios durante 5 min consecutivos. A acrescentar, sendo este um texto totalmente em verso, a liberdade para o improviso é bastante restrita. Mas eles estiveram bem, muito bem!

A sala garrett assistiu a uma peça BRILHANTE! ( mas, para minha tristeza aplaudiu menos do que devia) Espero que como estas venham muitas mais (para assim compensar a época tristinha do Dona Maria).



quinta-feira, 17 de julho de 2008

3 desejos

N´uma conversa animada surgiu a questão trivial, mas nem por isso menos interessante "se tivesses que pedir 3 desejos, quais seriam?". De entre as possibilidades facilmente salta a tríade profissão/amor/saúde, que claramente carece n´um outro aspecto de importância fulcral: o dinheiro. Essa questão sem importância, mas que tanto bem-estar proporciona a qualquer ser Humano. Entao, reformulando a linha de pensamento e incluido os €€ na equação, poder-se-á chegar ao hat-trick dinheiro/saúde/profissão....trio esse que novamente apresenta uma lacuna grave: o amor! ... em suma, por mais que se altere as variváveis e por mais combinações que se efectuem, a que fica "por escolher" é sempre importante, e mais: determinante para um estado de felicidade, mesmo que no patamar apenas do razoável! E curiosamente ou não, mas pressinto que esta é uma daquelas questões que não surge apenas n´uma conversa de café, mas teimosamente atravessa a existência humana de forma inconscientemente ubíqua. Será o apogeu profissão+/amor+/saúde+/dinheiro+ alguma vez conseguido? Sem a falta de alguma destas 4 hipóteses, será que conseguimos escolher com toda a certeza quais as TRÊS que mais importância têm para nós? Quantas decisões não tomámos e tomamos com base na escolha inconsciente das variáveis a incluir neste trio de prioridades da nossa existência?

quarta-feira, 16 de julho de 2008

E regresso,


com um blog-conceito bastante diferente daquele que tinha realizado há cerca de 2 anos atrás. Ainda me encontro em fase de experimentação, e não estou muito certa de que pretenderei manter esta construção de futuro em regime de full-time. Mas enquanto este impulso se mantiver, irei partilhar um pouco daquilo que consumo.

terça-feira, 15 de julho de 2008

the Greatest

Once I wanted to be the greatest
No wind or waterfall could stall me
And then came the rush of the flood
The stars at night turned deep to dust
Melt me down
Into big black armour
Leave no trace of grace
Just in your honour
Lower me down
To culprit south
Make 'em wash a space in town
For the lead
And the dregs of my bed
I've been sleeping
Lower me down
Pin me in
Secure the grounds
For the later parade

Once I wanted to be the greatest
Two fists of solid rock
With brains that could explain
Any feeling
Lower me down
Pin me in
Secure the grounds
For the lead
And the dregs of my bed
I've been sleeping
For the later parade

Once I wanted to be the greatest
No wind or waterfall could stall me
And then came the rush of the flood
The stars at night turned deep to dust

Cat Power



Robert Rauschenber


sexta-feira, 11 de julho de 2008

É talvez o último dia da minha vida.
É talvez o último dia da minha vida.
Saudei o Sol, levantando a mão direita,
Mas não o saudei, dizendo-lhe adeus,
Fiz sinal de gostar de o ver antes: mais nada.

Alberto Caeiro