Hoje é um dos dias em que olhamos para tras de sorriso no rosto e nos lembramos de como era no inicio. Nos lembramos das palavras, dos sorrisos infantis de quem sente muito, quer dizer muito mas tem receio que um destino cruel nos traia. Um destino que um dia, ja ha muito passado, fez questao de cruzar 2 seres ávidos um do outro sem o saber, apenas desejando algo mais. Desejo que se foi materializando num sentimento firme e solido que nao receia distancias, apenas vai existindo e vai-se construindo. Hoje é um dia em que pensamos que este, é o inicio.
quinta-feira, 25 de junho de 2009
quarta-feira, 24 de junho de 2009
mais do dobro
Ja tenho um projecto. Tem mais do dobro das palavras que e` suposto. Provavelmente na sua essencia e` pequenino, mas eu contento-me. E` o meu primeiro filho e vou trata-lo sempre bem. E` uma promessa.
Ja tenho o coracao aquecido por amor. Com mais do dobro da intensidade do que alguma vez achei possivel. Sei que nao e` pequeno nem significa pouco. E trata-lo sempre bem e` uma prioridade. Nao preciso prometer.
Ja tenho uma grande lista de amigos. Sao mais do dobro do que alguma vez achei conseguir. Sao daqueles cujo nome e as lembrancas se escrevem com letra grande no nosso coracao. Trata-los sempre bem? Ja esta prometido.
Ja tenho um sitio para fazer o meu PhD. Tem mais do dobro da excitacao daquilo a que estou habituada. Achei que nao era um sitio-opcao, mas acabou por me seduzir sem precisar de muito. Vou fazer com que ele me trate bem. Prometi-lhe ao ouvido assim que me despedi (temporariamente).
sexta-feira, 12 de junho de 2009
1950
Entrou pensativo e sentou-se no banco mais perto da porta. Era cómodo poder sair quando queria, sem pedir licença a ninguém, sem ter que acordar alguma bela adormecida babada. Tirou cuidadosamente um objecto de aspecto refinado do bolso das calcas pretas vincadas. Perscrutou os ponteiros ritmados e mostrou-se aliviado. Não gostava de chegar atrasado, mas chegar antes do tempo ainda era mais penoso para si. Já tinha esperado tanto e tinha tanto para esperar, que fazia tudo para não ter de esperar mais.
Ouviu o som estridente da campainha que anunciava o arranque do comboio miserável que o levava para um sitio onde o relógio iria somar 6 horas. Estava ansioso. Recostou-se no banco de veludo vermelho-sangue e fumou um cachimbo, ao saber que era proibido fumar. Os seus olhos curiosos pararam na miúda a sua frente. Era feia e desinteressante. Talvez demasiadamente desinteressante para não sentir curiosidade por ela. Pensou em exigir conhece-la, mas lembrou-se da lista interminável de mulheres desinteressantes que conhecia. Desejava-as a todas, apesar de todas elas mostrarem que o desejavam sofregamente. Quão patético era aquilo? - interrogou-se como nunca havia feito.
Desprendeu-se daquelas inutilidades e lembrou-se do seu vizinho. Nessa manha havia tomado café com ele, como fazia sempre que lhe apetecia mandar piropos porcos e provocatórios aos homens mais abastados da sua rua. Aquilo dava-lhe uma certa sensação de poder. Por momentos era mais poderoso que eles. Entrava sempre em trances de jogos eróticos de poder. Era o João, aquele travesti inútil que o trazia a realidade. Ele nunca seria poderoso e acima de tudo, nunca seria erótico. Obrigado, João, pela tua sanidade mental. - pensou abrindo o casaco castanho de la velha.
Libertou-se daqueles pensamentos inúteis e mudou de banco para fugir ao ângulo de visão do revisor. Era uma certa libertação viajar sem mostrar o bilhete ao revisor. Pagava o bilhete, por vezes ate pedia de primeira classe, mesmo viajando sempre em classe turística e nos piores sítios. Mas nunca pagava. E` libertador. - repensou.
Dormiu ate chegar ao sitio, acordando com uma caricia na sua cara morena e enrugada. Era uma velha de rosto demasiadamente amadurecido, demasiadamente curvada, com demasiadas sequelas de um passado duradouro e penoso. Pensou interessar-se por ela. Mas percebeu que era inútil. Aquela visão demoníaca era premonitória. O destino daquela desinteressante viagem era o seu futuro!
Subscrever:
Mensagens (Atom)